25/01/17

(IN)SEGURANÇA

Que raio, já não entendo.
É só abrir os jornais
E já me parecem banais
As noticias que vou lendo
De tamanha violência
Que espelha bem a demência
Do mundo que vamos tendo

É tamanha a confusão
Que está instalado o caos
Neste lugar em que dos maus
Já não se consegue ter mão
Vão alargando o seu espaço
Praticando a cada passo
O crime impune e vilão

É assim, em todo o lado
Dizem as cabeças d’oiro
Temem os cornos do toiro.
Fazem leis por atacado
Espartilhando sua eficácia
E por esta pertinácia
Surge o crime organizado

Sim, eu desconfio das leis
E da sua aplicação
Porque afinal a razão
Todos decerto a sabeis
Salta à vista de qualquer
Pois só visam proteger
Os poderosos cruéis

E o que fazer afinal?
Sem solução aparente
Que é cada vez mais urgente
Para que seja terminal
E cumpram os tribunais
Não se faça esperar mais
Revejam o Código Penal

16/12/10

CAMINHOS VÃOS



Estou cansado, nem sei de quê

Nem lhe descubro o porquê

Bem tento

E quanto mais eu o faço

Maior se torna o cansaço

Pode até ser um momento

Daqueles que enjeitamos

Sem lhe saber a razão

Mil voltas ao pensamento

De repente, num momento

Eis clara a solução:

Estou cansado deste país

Que apodrecida a raiz

Me cansa, já sei do quê

É desta esperança adiada

De um povo que corre a estrada

Mas cujo fim não vê

MORREU A MARIA



Bolas

Morreu a Maria

A Maria do Alviela

Sempre com grande alegria

De quem o bairro se ria

Por ser figura castiça

Mas, hoje, chiça...

Já ninguém se lembra dela


Bolas

Morreu a Maria

Quando irá a enterrar?

Está numa gaveta fria

à espera que a reconheçam

Mas já Maria não é.

Foi sempre do Alviela

E também da fereguesia

Mas ninguém se lembra dela


Bolas

Morreu a Maria

Num tempo que não tem jeito

Porque nada é como dantes

De recordações distantes

Dos tempos da simpatia

E dos tempos do respeito

Em que todos riam dela

Em sincera galhofeira

Mas, ao morrer a Maria

Morre um pouco o Alviela

E a memória do bairro

Porque se esqueceram dela


Bolas

Morreu a Maria

Está mais pobre o Alviela

Está numa gaveta fria

Mas ninguém se lembra dela

E todos hoje perguntam

Mas quem era essa Maria?


25/05/10

Soneto (quase inédito) escrito em 1969


Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno “sacrifício”
De trinta contos – só! – por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.

JOSÉ RÉGIO

20/02/10

Amor



Só porque pediste

Ora bem,
Pediste-me um poema
Porque há muito não publico nada blog
Mas de quê e de quem
Com que tema?
Como escrever sem que me sufoque?
Porra, ele são escutas,
São maldades sempre constantes,
Permanentes lutas
De uma estripe de comportamentos diletantes
Que me cansam
Que recuso
Que contesto
Alinhar em tudo isto será incesto
E reajo, só pode ser, contra ao abuso
Dos crápulas que em doce palavras nos amansam
Escrever, sim, mas com revolta
Escrever sim para falar bem alto
Para o país dar uma volta
Terminando o constante sobressalto
De mil rumores que se ouvem e proliferam
Que as almas mais humildes dilaceram
Num jogo vil, de lóbis, pois então.
Que termine de vez este xadrez
Porque não é só de quando em vez
Que o povo precisa pão.
E podem não gostar dos críticos
De acordo….
Com o mesmo direito que me assiste
De não gostar dos políticos
Mas digo e desafio. Povo, luta e resiste.

Só porque tu pediste


Ora bem,Pediste-me um poema

Porque há muito não publico nada blog

Mas de quê e de quem

Com que tema?

Como escrever sem que me sufoque?

Porra, ele são escutas,

São maldades sempre constantes,

Permanentes lutas

De uma estripe de comportamentos diletantes

Que me cansam

Que recuso

Que contesto

Alinhar em tudo isto será incesto

E reajo, só pode ser, contra ao abuso

Dos crápulas que em doce palavras nos amansam

Escrever, sim, mas com revolta

Escrever sim para falar bem alto

Para o país dar uma volta

Terminando o constante sobressalto

De mil rumores que se ouvem e proliferam

Que as almas mais humildes dilaceram

Num jogo vil, de lóbis, pois então.

Que termine de vez este xadrez

Porque não é só de quando em vez

Que o povo precisa pão.

E podem não gostar dos críticos

De acordo….

Com o mesmo direito que me assiste

De não gostar dos políticos

Mas digo e desafio. Povo, luta e resiste.