16/12/10

CAMINHOS VÃOS



Estou cansado, nem sei de quê

Nem lhe descubro o porquê

Bem tento

E quanto mais eu o faço

Maior se torna o cansaço

Pode até ser um momento

Daqueles que enjeitamos

Sem lhe saber a razão

Mil voltas ao pensamento

De repente, num momento

Eis clara a solução:

Estou cansado deste país

Que apodrecida a raiz

Me cansa, já sei do quê

É desta esperança adiada

De um povo que corre a estrada

Mas cujo fim não vê

MORREU A MARIA



Bolas

Morreu a Maria

A Maria do Alviela

Sempre com grande alegria

De quem o bairro se ria

Por ser figura castiça

Mas, hoje, chiça...

Já ninguém se lembra dela


Bolas

Morreu a Maria

Quando irá a enterrar?

Está numa gaveta fria

à espera que a reconheçam

Mas já Maria não é.

Foi sempre do Alviela

E também da fereguesia

Mas ninguém se lembra dela


Bolas

Morreu a Maria

Num tempo que não tem jeito

Porque nada é como dantes

De recordações distantes

Dos tempos da simpatia

E dos tempos do respeito

Em que todos riam dela

Em sincera galhofeira

Mas, ao morrer a Maria

Morre um pouco o Alviela

E a memória do bairro

Porque se esqueceram dela


Bolas

Morreu a Maria

Está mais pobre o Alviela

Está numa gaveta fria

Mas ninguém se lembra dela

E todos hoje perguntam

Mas quem era essa Maria?