09/11/09

Outro lado de mim



Na permanente tendência
Em que estou sempre a esconder
O que sou na realidade;
Umas vezes por maldade
Outras por falso recato.
Não alterando a aparência
Para quem me lê ou escuta
Criando de mim uma imagem,
Imagem que é um retrato
Tirado “à la minuta”
Perco alguma transparência
Do que sou eu na verdade
Dando de mim a ideia
De uma frieza danada
De grande indiferença à dor
De tudo o que me circunda
Parecendo estar mal com o mundo
Mas indo lá bem ao fundo
Toda esta revolta iracunda
Não passa de barafunda
Que raia o ódio e o amor
Desta grande frustração
De quem não tem solução
Alterando dessa feita
Por maldade ou por recato
Aquilo que está no retrato

3 comentários:

Meduarda disse...

Um excelente reflexo!

De um lado o tudo do outro parece o nada.

Gostei imenso!

Eduarda

tugalfacinha disse...

Descreveste tão bem o teu sentir. Parabéns!

Liliana disse...

Olá Joaquim

Este poema está muito interessante, faz-me lembrar Fernando Pessoa quando disse: "O poeta é um fingidor. /Finge tão perfeitamente /Que chega a fingir que é dor /A dor que deveras sente.

Gostei muito.

Um abraço.