10/11/09

O meu testamento



Vislumbro no horizonte
A minha alma cansada
A morte negra esfaimada
Indicando a minha fronte
Sem que dela me amedronte
Pois o mal nunca eu nunca fiz
Nesse supremo juiz
Que a todos há-de julgar
Sinto pressa em acabar
A vida de um infeliz

È o meu último desejo
Que ninguém chore por mim
Quando chegar o meu fim.
Ao meu fúnebre cortejo
Não quero sequer um beijo
Nem quero falsos lamentos
Que meu ideal condena
Porque finalmente a pena
Resume-se a dois momentos

Na mais pobre condição
Eu quero descer à terra
Pois quem os olhos encerra
Não precisa compaixão
Se vive na solidão
Sem que conseguisse ter
Conforto nesse viver.
Façam-me então a vontade
Para que eu veja a igualdade
No nascer e no morrer

Atirem meu corpo à vala
Talvez eu fique encostado
A um outro desgraçado
Com o qual ninguém se rala
Não quero que façam gala
No caixão em ornamentos
Oh! Vida de fingimentos
Que maldita sejas tu
Enterrem meu corpo nu
Envolvendo sofrimentos

3 comentários:

Talina disse...

Olá avessodemim

Muito tétrico mas comovente e lindo... Força vamos lá levantar esse animo , cada dia que acordamos é uma dádiva de Deus que temos e devemos agradecer.

Abraço

Liliana disse...

Olá Joaquim

Este teu poema é muito triste e certamente muito sentido.

Está escrito dentro dos canons Românticos: morte, natureza, desilusão pela vida...

Parabéns, está lindo.

Um abraço.

Unknown disse...

Triste, comovente,sentido
Como eu te entendo, amigo!!!
Também por aí passei,
Mesmo longe, estou contigo
Sei que entendes o que digo,
Vai passar, eu superei!

Cada um tem o seu tempo
P'ra "curtir" o sofrimento,
P'ra carpir a sua dor!!!
Não é fácil, eu bem sei
Pois muito e muito chorei
Pela perda de um AMOR.

Muitos anos se passaram...
Hoje, meus olhos secaram
E riem com alegria!!!
Também os teus vão secar,
Também tu, vais superar
Amanhã, é um novo dia.

Um grande abraço,
Tila